terça-feira, 20 de setembro de 2011

Porto Alegre – “leal e valerosa” ao Império

Brasão de Porto Alegre
Quem conhece o brasão da cidade de Porto Alegre, sabe que sobre ele constam os dizeres “Leal e valerosa cidade de Porto Alegre”. Isso se deve aos fatos ocorridos entre 1835 e 1845 no Rio Grande do Sul, mais especificamente no período conhecido como Revolução Farroupilha. Mas Porto Alegre não ganhou este título devido ao seu papel em favor dos Farrapos. Muito antes pelo contrário: pelo seu apoio ao Império.
Em 20 de setembro de 1835 começou a Guerra dos Farrapos. Suas causas estiveram ligadas ao descontentamento das elites gaúchas quanto a não tributação do charque do Prata por parte do governo brasileiro. Ainda havia insatisfação em relação à centralidade do poder Imperial. Os presidentes da província, indicados pelo Rio de Janeiro, nem sempre eram do agrado dos rio-grandenses.
Não esqueçam que desde 1831, com a volta de D. Pedro I para Portugal, o Brasil vivia no Período Regencial, até que D. Pedro II, com seis anos, pudesse assumir a monarquia. Ainda que o Ato Adicional de 1834 desse maior autonomia às províncias, a situação de oposição ao Império por parte da elite do Rio Grande do Sul havia chegado num ponto irreversível, no qual o diálogo seria pelas armas.
Cabe destacar que os líderes da revolta eram pecuaristas, estancieiros e charqueadores, membros da elite local. Contudo, é importante perceber que não foram todos os sul-rio-grandenses que aderiram à rebelião. Havia, principalmente nos grandes centros urbanos, apoiadores do Império. Assim, a província ficou dividida entre farroupilhas e imperiais. Não é à toa que as cidades escolhidas como capitais pelos rebeldes eram ligadas ao meio rural, como Piratini.
Entre os “grandes centros urbanos” estava Porto Alegre, se é que se pode chamar assim uma cidade com cerca de 20 mil habitantes. Pois o conflito teve início justamente após a invasão desta pelos Farrapos, que derrubaram o presidente da província, Fernandes Braga, em 20 de setembro de 1835. Para se ter uma ideia, a cidade foi invadida pela ponte da Azenha sobre o Arroio Dilúvio. Foi ali que se deu o primeiro combate de farroupilhas contra imperiais. Porém, no ano seguinte, os legalistas tomaram a cidade de volta.
Foto atual da Ponte da Azenha, onde teriam ocorrido os primeiros combates do conflito e por onde os rebeldes teriam entrado em Porto Alegre

Bento Gonçalves
De 1836, até 1838, os rebeldes, liderados por Bento Gonçalves investiram sem sucesso contra Porto Alegre. A resistência da cidade frente às tropas farroupilhas lhe valeu o título de “leal e valerosa”. Porto Alegre se tornou um ponto estratégico para os imperiais, inclusive para a economia local. Durante toda a Guerra dos Farrapos, a cidade permaneceu por muito mais tempo nas mãos dos imperiais. Os únicos meses em que Porto Alegre esteve sob comando dos farroupilhas, foi dominada, sem consentimento da população.
Foi dali que o barão de Caxias partiu em 1843 para derrotar os rebeldes. Caxias havia sido indicado pelo governo central para dar uma solução no conflito farroupilha. Sua ofensiva culminou em uma série de derrotas dos farrapos, que levaram os rebeldes a decadência. Em 1845, foi assinada a paz de Ponche Verde, no qual os revoltosos entregaram as armas. Como compensação os líderes foram anistiados e as dívidas dos farrapos, perdoadas.
Caxias em 1877

Bibliografia:
KÜHN, Fábio. Breve história do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Leitura XXI, 2004.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1990.

PADOIN. Maria Medianeira. “A Revolução Farroupilha”.  In.: PICCOLO, Helga Iracema Landgraf. Império. Passo Fundo, Méritos, 2006. v.2. Coleção História Geral do Rio Grande do Sul.

GUAZELLI. Cesar Augusto Barcellos. “O Rio Grande de São Pedro na primeira metade do século XIX: Estados-nações e regiões províncias no rio da Prata”.  In: GRIJÓ, Luiz Alberto et. all. Capítulos de história do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2004.

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