Em 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. É uma data importante, sobretudo para afirmar todas as conquistas que elas vêm obtendo desde o início do século XX. Apesar da opressão e dominação que sofreram ao longo do tempo, não devem ser vistas como meras vítimas, porque também são agentes da História, são seres sociais ativos. Elas obtiveram seus direitos e sua igualdade através de lutas e participação na sociedade.
Claro que por muitos anos foram excluídas socialmente. Entretanto, por meados do século XIX, a situação começou a mudar. Mas para pior. Elas começaram a ingressar nas grandes indústrias, o que dificultava que realizassem o trabalho na rua e em casa. Assim, depois de casadas, mesmo que fossem de famílias humildes, não trabalhavam; ainda que entre solteiras, o número de mulheres que trabalhassem fosse elevado. Dessa maneira, eram expelidas da economia e do “mundo dos negócios”, sendo estas tarefas predominantemente masculinas. Por consequência, eram também isoladas das decisões políticas dos países.
Por isso que, no século XIX, o aspecto mais visível da emancipação feminina eram as sufragistas, defensoras do voto universal, tanto dos homens, como das mulheres. Porém esta era uma demanda da classe média. A classe operária tinha outras necessidades. As mulheres trabalhadoras sofriam com péssimas condições, além de arcar com uma carga horária entre 12 e 14 horas por dia e ter um salário inferior ao dos homens.
No início do século XX, a despeito da discriminação, muitas conseguiram uma inserção no mundo masculino através do acesso à educação, ao voto e à profissionalização. Mas como as mulheres competiriam num mundo feito pelos homens e para os homens? Para além da luta pela igualdade de direitos, era preciso a luta pelas suas diferentes necessidades, como por exemplo, a licença-maternidade.
Foi principalmente após a Segunda Guerra que as mulheres se tornaram uma força política importante. A partir daí, as casadas não seriam mais apenas um apêndice do marido, muitas vezes chefiando as famílias. Com o direito ao voto nos mais variados países, elas conseguem conquistar inclusive a liderança de nações como foi o caso de Indira Gandhi na Índia, Golda Meir em Israel, Margareth Thatcher na Inglaterra e Isabelita Perón na Argentina nos ano 70 e 80, além dos casos mais recentes de Dilma Rousseff no Brasil, Angela Merkel na Alemanha e Cristina Kirchner na Argentina.
Clara Zetkin e Rosa Luxemburgo |
Mas por que esse dia é celebrado em 8 de março? Principalmente pela luta de mulheres na liderança de movimentos sindicalistas e de esquerda, como Emma Goldman no princípio do século XX. Nesse momento, como foi dito, os salários eram baixos, as condições de trabalho péssimas e a carga horária alta. É nesse contexto que em 1910, no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhagen, na Dinamarca, a líder Clara Zetkin propõe a criação do Dia Internacional da Mulher, mas sem definir uma data. Mesmo antes, desde 1908, nos Estados Unidos, as mulheres socialistas organizavam manifestações pelo “Dia da Mulher” no último domingo de fevereiro.
Em 25 de março de 1911 um evento chocante marcaria a luta feminina não só por igualdade de direitos, mas por despertar a consciência das mulheres para sua condição. Um incêndio numa fábrica têxtil em Nova Iorque matou 125 mulheres e 21 homens, sobretudo imigrantes judeus e italianos. Muitas dessas mulheres eram identificadas com movimentos socialistas e anarquistas. Esse fato leva muita gente a pensar que o Dia Internacional da Mulher é em homenagem às vítimas do incêndio, o que não necessariamente condiz com a realidade. A data faz alusão ao dia 8 de março de 1917, quando trabalhadoras russas do ramo da tecelagem entram em greve. Poucos meses depois, a Revolução Socialista de outubro ocorria no país.
O papel subalterno imposto às mulheres na sociedade ainda è muito visível na sociedade contemporânea, como pode ser percebido em propaganda de sabão em pó, margarina, refrigerantes... |
Somente na década de 60 que junto com outras políticas afirmativas, 8 de março foi institucionalizado como o Dia Internacional da Mulher. É inegável que as conquistas das mulheres foram várias desde o século passado. Voto, inserção na sociedade e igualdade de direitos foram importantes avanços. Entretanto, em muitos casos, os homens ainda são melhores remunerados; em muitos países, as mulheres não têm seus direitos garantidos e por diversas vezes, a mentalidade retrógrada e burra de vê-las como “seres inferiores” que devem cuidar do lar, permanece.
Hoje, a mulher deve ser vista como igual ao homem, mas ao mesmo tempo como diferente. Suas demandas, buscas e vontades são diferentes e deves ser respeitadas como tais. Hoje, as mulheres têm outras bandeiras, como o direito ao aborto, ao qual ainda são negadas por motivos que considero esdrúxulos. O dia 8 de março relembra a luta pelos direitos das mulheres, e aqui podemos nos referir aos mais variados direitos, desde o voto até o de se vestir como bem entender, sem depender de aspectos conservadores da sociedade. Mas, muitas vezes, essa ideia é deturpada em prol da propaganda e do comércio. É importante resgatar essa origem da data para a conscientização dos problemas que ainda existem em nossa sociedade em relação a posturas machistas e que excluem as mulheres.
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