O conflito de gerações sempre existiu e sempre vai existir. Contudo, nunca pareceu tão evidente como nos anos 60 e 70. A maior prova disso são os eventos na França em maio de 1968. Contudo, não foram fatos isolados. A eles se somam outros fatos como os protestos nos Estados Unidos contra a guerra na Vietnã, ou as manifestações no Brasil em oposição à ditadura vigente.
Em maio de 1968, estudantes universitários franceses tomaram as ruas de Paris para protestar contra o governo de Charles de Gaulle. A estes se aliou uma greve geral dos trabalhadores que levou o presidente francês a renunciar. No Brasil, este movimento chegou com a conotação do rechaço à ditadura e se mostrou em protestos como a passeata dos cem mil no Rio de Janeiro.
Barricada de estudantes nas ruas de Paris |
É difícil definir apenas uma causa para o maio de 68 na França. Em geral, pode-se entender como protestos contra o presidente Charles de Gaulle, por parte dos estudantes e de uma greve geral de trabalhadores. Mas, existia todo um contexto de mudanças no comportamento dessa juventude que deve ser analisado.
Os líderes nacionais dos anos 60, como De Gaulle, eram geralmente homens de idade avançada. Mas boa parte da população tinha em torno de dezoito e vinte anos, filhos do “baby boom” após a Segunda Guerra. Esses jovens nos EUA e Europa lidavam com uma verdadeira “Revolução Cultural”.
Atividades que antes eram proibidas, agora se encontravam liberadas. A liberação social se encontrava com a pessoal, os desejos individuais e do grupo deviam ser atendidos. O sexo e as drogas são dois bons exemplos disso, que ainda por cima, se mostravam como um ato de rebeldia contra a sociedade.
É notável que esta rebeldia contra a sociedade não necessariamente tinha ligação com alguma tendência política. Em 1968, os estudantes se posicionavam somente “contra” e não “a favor” de esquerda ou direita. Um dos lemas do movimento de maio parece traduzir bem essa ideia: “é proibido proibir”.
As mudanças na cultura jovem eram tanto informais como contraditórias. Informais pela própria natureza da juventude. Contraditória por revelar tanto interesses individuais como interesses dos grupos. Ou seja, cada um na sua, mas com uma certa união de ideias.
A pluralidade de propostas e ideias nesses anos 60 era muito grande, englobava a luta pelos direitos dos negros, o feminismo, lutas contra ditaduras, contra guerras, contra governos. O importante era a rebeldia, contra a sociedade, contra o conservadorismo dos mais velhos. O maio de 68 não foi apenas contra De Gaulle, mas contra todo uma situação e um establishment da época.
Acredito que a música que melhor reflete esse período é “My Generation” da banda britânica “The Who”. Apesar de ter sido gravada três antes de 1968, traduz como poucas a posição daquela geração. Confira a letra e a música abaixo:
My Generation - Pete Townshend
People try to put us down (talkin' bout' my generation)Just because we get around (talkin' bout' my generation)
Things they do look awful c c cold (talkin' bout' my generation)
Hope I die before I get old (talkin bout my generation)
My Generation, It's My Generation baby
Why don't you all fade away (talkin bout my generation)
And don't try to dig what we all s s say (talkin bout my generation)
I'm not trying to cause a big sensation (talkin bout my generation)
Just talkin 'bout my generation (talkin bout my generation)
Why don't you all fade away (talkin bout my generation)
And don't try to dig what we all say (talkin bout my generation)
I'm not trying to cause a big sensation (talkin bout my generation)
Just talkin bout my generation (talkin bout my generation)
My, My, My, My Generation
People try to put us down (talkin' bout' my generation)
Just because we get around (talkin' bout' my generation)
Things they do look awful c c cold (talkin' bout' my generation)
Hope I die before I get old (talkin bout my generation)
Talking 'bout my generation (my generation)
Bibliografia:
HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: O breve século XX: 1914-1991. São Paulo, Companhia das Letras, 1995.
CARDOSO, Lucileide Costa. “ECOS DE 1968: 40 ANOS DEPOIS” Recôncavos. Revista do Centro de Artes, Humanidades e Letras vol. 2 (1) 2008.
REIS FILHO, Daniel Aarão. “1968 o curto ano de todos os desejos”. Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 10(2): 25-35, outubro de 1998.
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