Mosaico encontrado em Pompeia representando Alexandre e seu cavalo Bucéfalo |
Hoje,
13 de junho, é data de aniversário de morte de Alexandre, o Grande. Como rei da
Macedônia, conquistou uma grande faixa de terra que ia da Grécia até a Índia.
Fundou diversas cidades com seu nome: “Alexandria”. Indubitavelmente deixou seu
nome registrado na História. O papel do indivíduo na História já foi largamente
debatido. É célebre a frase de um alemão de nome Karl Marx “os homens fazem a
História, mas em condições que não foram por eles escolhidas”. Apesar de não ser
fã do seu Marx, acho bastante interessante essa sua consideração.
Vamos
então ao contexto: a Macedônia se localizava nos limites entre os territórios
gregos e os persas, o que os levava a ter uma grande rivalidade contra estes
últimos, uma vez que se viam como uma das cidades-estados da Grécia. Seu
governo era dirigido por uma aristocracia local, que em 359 a.C. escolheu
Felipe como seu rei. Ele exerceu domínio sobre a Grécia não apenas pela força
militar, apesar de ter conquistado importantes cidades como Atenas. Seu
controle sobre a região deve-se também à “liga de Corinto”, fundada em 337
a.C., que unia várias cidades-estados em torno da Macedônia contra os persas.
Busto de Alexandre |
Mas
Felipe foi assassinado no ano seguinte. Seu filho, Alexandre, o sucedeu tanto
no trono da Macedônia como na liderança da liga de Corinto. Em dois anos de
poder coquistou partes da Grécia que ainda estavam sob domínio do rei persa,
Dario. Em 332 a.C., tomou Sídon e Tiro dos rivais persas. Continuou com o
expansionismo macedônico e, no ano seguinte, invadiu o Egito. Volta a atacar os
persas e os derrota de vez em outubro de 331 a.C., conquistando Babilônia, Susa
e Persepólis, a capital do império.
Mesmo
após vencer os antigos inimigos, Alexandre não esmaeceu. Seguiu com seu
exército em direção à Índia, onde chegou em 325 a.C. Dali, retornou para a
Babilônia em 323 a.C., ano da sua morte. Quando morreu, planejava uma nova
expedição militar rumo à Arábia.
Os
domínios de Alexandre foram divididos entre seus generais, que disputaram o
poder entre eles. Antípatro ficou com a Macedônia; Lisímaco, com a Trácia; a
Ptolomeu coube o Egito, dando início a uma dinastia real que só acabou com
Cleópatra, quando os romanos invadiram a região; e Antígono, o Zarolho (que
beleza de apelido) obteve a Magna-Frígia e Lícia-Panfília. O Zarolho ainda
tentou retomar a grandeza das conquistas de Alexandre, mas sem consegui-lo.
Mapa das conquistas de Alexandre (em tom mais claro) |
Uma
das razões do sucesso de Alexandre foi a sua habilidade em manter as culturas
locais dos povos conquistados, combinando-as com a grega. Expandiu a Grécia com
suas conquistas, ampliando o mundo grego, dando origem ao helenismo. Contudo,
não conseguiu construir um sistema político estável, tanto que suas conquistas
se esfacelaram após sua morte, nem trouxe maiores alterações na economia.
Alexandre,
a rigor, apesar da expansão, não chegou a manter um Império. Entendo mais como
uma aventura com consequências para Ásia, Egito e Grécia. Ou seja, em vida,
Alexandre fez muita fumaça, mas pouco fogo. Suas conquistas não mudaram muito o
panorama político e econômico de sua época.
As
consequências de seus atos foram mais importantes do que os atos em si. Sua
expansão decretou o fim do Período Clássico da História Grega e deu início ao
Período Helenístico, marcado pela relação entre gregos e aqueles considerados
“bárbaros”. Ou antes, pela influência exercida pela cultura grega sobre povos
que eram considerados “bárbaros”.
Recentemente,
em 2004, Oliver Stone filmou “Alexandre”, que é uma porcaria. Parece que esse diretor
nunca mais acertou depois de “Platoon” e “JFK”. Ninguém gostou do filme ruim,
longo e chato. A obra ainda traz uma polêmica desnecessária: a da relação de
Alexandre com outros homens.
Na
Grécia, conforme o francês Michel Foucault, a homossexualidade não existia.
Pelo menos com essa palavra. Ela provavelmente foi criada a partir do século
XIX, como uma maneira de regrar as relações sexuais. Para os gregos, as
relações carnais com outros homens não eram mal vistas, não eram entendidas
como um problema. A passividade do homem adulto não era aceita, mas a relação
entre um sábio e um aprendiz era vista como parte de um processo entre um
mestre e seu pupilo. Acho que Oliver Stone, ao apresentar as relações de
Alexandre com outros homens como se fossem um “problema”, ou uma “polêmica”
escorrega feio no anacronismo e no preconceito.
Bibliografia:
MOSSÉ, Claude. e SCHNAPP-GOURBEILLON. Annie. Síntese de História Grega. Lisboa,
Edições Asa, Lisboa, 1994.
MARX, Karl. O 18 de brumário de Luís Bonaparte. Várias edições.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade II – o uso dos prazeres. Rio de Janeiro,
Graal editora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário